1. Apresentação
O dugongo pretence à:
Porque lhes chama mos Sirénios?
Na mitologia grega, na Odisseia de Homero, os sirénios eram criaturas que tentaram seduzir Ulisses e seu navio para a ilha, com doces canções de amor
Mais tarde, alguns autores confundiam sirénios com sereias que eventualmente levaram ao nome científico, Ordem Sirenia. Os primeiros exploradores europeus imaginavam que os manatins e os dugongos eram sereias, possivelmente devido às suas mamas peitorais, aos seus “braços” e à cauda tipo peixe.
Actualmente existe apenas uma espécie desta família, tendo o seu outro membro, o dugongo-de-Steller (Hydromalis gigas), o único sirenio que vivia em águas frias sub-polares, sido levado à extinção no século 18, devido à sobrecaça a que foi sujeito, o que sucedeu apenas 27 anos após a sua descoberta para o mundo cientifico.
Os dugongos são geralmente menores que os manatins (com excepção do manatim amazónico), atingindo em adulto um comprimento médio de 2,7 metros e peso de 150 a 300 kg (ou 2.4 - 4 m e 230 - 908 kg segundo o ARKive). O comprimento de um adulto raramente excede os 3 metros e as fêmeas tendem a ser maiores que os machos.
Como os outros sirênios, apresentam "pachyostosis", uma condição na qual as costelas e outros ossos longos são extraordinariamente sólidos e contêm pouca ou nenhuma medula. Estes pesados ossos, que estão entre as mais densos do reino animal, podem atuar como um lastro para ajudar a manter os sirênios suspensos ligeiramente abaixo da superfície da água.
2. Biologia e ecologia da espécie
O dungong é o único mamífero marinho herbívoro, daí lhe chamarem “vaca do mar” (sea cow). Pasta no leito do mar usando o lábio superior para recolher ervas marinhas (sea grass)
Halophila spinulosa ou rizomas de
Halodule e outras plantas que depois trituram com as placas córneas que tem na boca. Depois esmagam-nas com os dentes antes de engolirem. Quando as ervas marinhas são escassas podem alimentar se de algas marinhas. No entanto Anderson (1989) e Preen (1995) afirmam ter provas de que os dugong podem deliberadamente “foragear” por macro invertebrados na Europa Ocidental e leste da Austrália mas não nas áreas mais tropicais da Austrália.
A pele espessa é de cor marrom-acinzentado
e apresenta pêlos curtos e grossos esparsamente distribuídos ao longo do corpo, mas
concentrados na zona da
boca. Os membros anteriores estão transformados em barbatanas, não possuem membros posteriores. A cauda é achatada e em forma de lua crescente. Move-a para cima e para baixo para se impulsionar na água. Os dugongos podem chegar até 70 anos de idade ou mais. É um animal solitário e tímido, levando uma vida calma e quase sempre junto ao fundo só vindo respirar de dois em dois minutos.
3. Reprodução e Cuidado Parental
Em todos os dugong crescem presas, mas estas só rompem a pele e se tornam então visíveis em machos maduros. No entanto essas duas presas nem sempre são visíveis devido aos espessos lábios. O dugong atinge a maturidade sexual entre as idades de 8-18, no entanto, a idade em que a primeira fêmea dá à luz tem sido objecto de controvérsias, com alguns estudos a colocar a idade entre 10 e 17 anos, enquanto outros tão cedo quanto 6 anos. Apesar da longevidade do dugong, as fêmeas dão à luz apenas algumas vezes durante a sua vida e investem num cuidado parental considerável.
O comportamento de acasalamento do dugong parece variar espacialmente: Preen (1989) observou grupos em Moreton Bay, Queensland, Austrália este onde os machos competem violentamente por fêmeas e vários machos tentam acasalar com a mesma fêmea. Em contraste, os dugong residentes em South Cove, Shark Bay, Austrália Ocidental, o comportamento apresentado é coerente com a definição de lek. “Num lek clássico, os machos agregam-se em áreas exclusivas, afastando outros machos. As fêmeas visitam este local exclusivamente para acasalarem. (Anderson 1997)” Anderson observou os machos a defenderem estes territórios e a exibirem comportamentos de forma a atrair as fêmeas. O tempo entre os nascimentos é incerto, com estimativas variando de 2,4 a 7 anos. As fêmeas dão à luz após uma gestação de 13-15 meses, geralmente apenas uma cria. Os recém-nascidos nascem com 1,2 metros de comprimento e 30 kg de peso. As crias mamam durante 14-18 meses, embora comece a comer seagrasses logo após o nascimento. A cria só deixa a sua mãe, quando atinge a idade de maturação.
4. Distribuição geográfica
O dugongo ocorre em toda a região do Indo-Pacífico, da costa leste da África até às ilhas do oeste do Pacífico, como Vanuatu. Muitas populações estão hoje dizimadas ou quase extintas, a maioria são encontradas ao largo da costa norte da Austrália, com a segunda maior população do mundo a encontrar-se no Golfo Pérsico
5. Ameaças
- Pesca – emaranhamento acidental em redes de pescas;
- Caça – são caçados pela carne, óleo. Medicamentos, amuletos;
- Degradação do Habitat – os ecossistemas de seagrass são muito sensíveis à influência humana:
- podem ser destruídos pela mineração e arrasto
- ou por dragagem, navegação costeira, recuperação de terras
– existem relatos também da perda de centenas de quilómetros
quadrados de seagrass associados a eventos climáticos extremos tais como ciclones e furacões;
- Poluição Acústica – por barcos e exercícios da Defence Force em localidades dentro da área do dugongo na Austrália, tais como detonação de bombas. Efeitos:
- interferência com os sinais acústicos naturais de comunicação
- danificação do sistema auditivo
- mudança de comportamento
6. Estatuto
Espécie classificada como vulnerável na Lista Vermelha da IUCN. Listada no Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES) e no Apêndice II da Convenção sobre Espécies Migratórias (CMS ou Convenção de Bona).
7. Conservação
O comércio internacional de dugongos é proibido devido à sua listagem no Apêndice I da CITES. A espécie é encontrada no interior da Grande Barreira de Corais World Heritage Área, em Queensland no noroeste da Austrália, e a Great Barrier Reef Marine Park Authority está actualmente a trabalhar com outras agências, num esforço para deter o declínio do dugongo. Moçambique dispõe de legislação para proteger os dugongos desde 1955, mas não tem sido capaz de executar. O Quênia aprovou uma legislação que proíbe a caça de dugongos e restringe a pesca de arrasto, mas ainda não estão listados na Vida Selvagem do Quênia como espécies ameaçadas de extinção. Um plano de ação também está no local para a espécie e na Austrália, um sistema de 16 Áreas de Proteção do Dugong, onde existem populações chave, foi estabelecido, com uma investigação em curso sobre a distribuição e comportamento do dugongo. No entanto, o relatório da IUCN refere que a intervenção de gestão eficaz ainda não foi posta em prática para reduzir os impactos humanos sobre o dugongo. Medidas como a protecção do seu habitat de seagrass será crucial para esta delicada "sereia do mar" sobreviver...Ouvir
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8. Bibliografia
