Bem fiz vários posts sobre a cannabis e faltava o mais importante. Os efeitos na saúde. Eu ao contrário de muitas pessoas, dei me ao trabalho de fazer pesquisas, em vários sítios e não fiz pesquisas pretensiosas como pesquisar por "cannabis benefícios" ou "cannabis efeitos negativos". Fiz "cannabis efeitos", em várias línguas para mais credibilidade ter e foquei me em artigos escritos em bases médicas ou publicações em jornais e não em opiniões de pessoas que escrevem o que acham do assunto. Eu informei me e posso estar até a parecer ser um pouco "agressiva" nesta introdução, mas estou cansada de discussões em que as pessoas falam por causa do que ouvem ou do que lêem em fóruns e não de artigos que tenham pesquisado.
(Quero ainda referir, que não sou médica mas sou licenciada na área das ciências e tive disciplinas de Neurologia e Fisiologia, pelo que percebo um pouco do assunto, a nível de efeitos de drogas ou outras substâncias no organismo.)
1. Primeiro que tudo, há que relembrar o seguinte ao nível das variedades:
- Cannabis indica - actua a nível corporal causando nomeadamente relaxamento, sono
- Cannabis sativa - actua a nível mental causando melhor humor, sociabilidade e estados eufóricos
- Híbridos - Combinam propriedades das duas, com diferentes proporções, com efeitos na mente e corpo
2. Modo de actuação ao nível do sistema nervoso central
O delta-9 THC, constituinte presente na maconha, actua da seguinte forma:
Chega ao encéfalo onde é absorvido por receptores
específicos, as anandamidas. São encontradas altas densidades de
receptores de THC no córtex cerebral, hipocampo, cerebelo e gânglios basais, o que explica os respectivos efeitos físicos e mentais associados ao consumo da droga:
- Alterações na capacidade de pensamento e raciocínio;
- Deficiências em mecanismos da memória;
- Alterações da aprendizagem;
- Efeitos sobre a coordenação motora.
Os receptores de THC localizam-se especificamente nos neurônios do
sistema de opióides endógenos (Sistema relacionado a secreção de
susbstâncias opióides pelo próprio organismo), a partir da ligação do THC
com seus receptores localizados nesse sistema há uma excitação dos neurónios componentes do mesmo, que enviam sinais aos neurônios
dopaminérgicos do sistema límbico (responsável principalmente pela
regulação dos processos emocionais), suscitando a libertação de mais
dopamina (neurotransmissor relacionado a sensação de prazer) dando
sensação de prazer e euforia.A ação no sistema límbico, que além da
regulação dos processos emocionais está relacionado a memória de curto
prazo, também explica portanto, a "falha" de retenção desse tipo de
memória. (É importante ressaltar,contudo, que apesar da memória de curto
prazo não estar intimamente relacionada com a aprendizagem, a memória de
longo prazo, relacionada com esse fato, pode se formar a partir da
memória de curto prazo , que tem a possibilidade de ser armazenada
temporariamente e depois transferida para áreas relacionadas com a
memória de longo prazo.)
3. Overdose
O THC tem uma toxicidade extremamente baixa, não apresentando risco de morte por overdose.
4. Efeitos na Memória
A memória a curto prazo é afetada sobre efeito da droga. Estudos indicam que esse distúrbio
não acaba quando o efeito da droga passa. O uso prolongado de maconha
pode vir a causar prejuízos nas capacidades cognitivas (raciocínio,
aprendizado e resolução de problemas) permanentemente.
Dentro deste tópico, há o assunto muito polémico da doença de Alzheimer e o efeito nos neurónios.
O que vi foi que existem dois estudos contraditórios. Um mais antigo e outro mais recente.
- Estudos anteriores, usando modelos animais mostraram que HU210, uma forma sintética de compostos encontrados na maconha, reduziu a toxicidade de placas e promoveu o crescimento de novos neurônios. Esses estudos utilizaram ratos carregando a proteína amilóide, a toxina que forma placas no cérebro de vítimas de Alzheimer.
- Estudo mais recente usando um modelo animal mais eficaz que o usado no estudo anterior: O novo estudo, liderado pelo Dr. Weihong Song, Catedrático de Investigação no Canadá, na Doença de Alzheimer e professor de psiquiatria na Faculdade UBC of Medicine, foi o primeiro a testar essas descobertas, usando ratos com a mutação genética que causa o Alzheimer- amplamente considerado como sendo um modelo mais preciso para a doença em humanos.
"Como cientistas, nós começamos todos os estudos na esperança de ser capaz de confirmar os efeitos benéficos das potenciais terapias e esperámos confirmar isso com o uso da maconha medicinal no tratamento da doença de Alzheimer", diz Song, membro do Centro de Pesquisas sobre o Cérebro na UBC e VCH Research Institute e diretor da Townsend Family Laboratories no UBC.
"Mas nós não vimos qualquer benefício de todo. Em vez disso,o nosso estudo apontou para efeitos prejudiciais. " ou seja, o suposto componente da maconha que atuaria como neuroprotetor (chamado
de HU210) na verdade aumenta ainda mais a degeneração cerebral.
5. Benefícios
- Sucesso no tratamento de depressão e insônia
- euforia leve (depende)
- sensação de bem-estar
- relaxamento
- redução de stress
- o THC, principal componente psicoativo da Cannabis, destrói células
cancerígenas, o THC induz as células cancerígenas a produzirem uma
substância gordurosa chamada "ceramida", a qual faz com que a célula
cancerosa sofra apoptose
- Estudo publicado no periódico AIDS Research and Human Retroviruses, aponta que macacos infectados com SIV (variante do HIV - o
vírus da aids - no macaco) tiveram a evolução da doença retardada
quando tratados crônicamente com o principal componente psicoativo da
maconha - o D9-tetrahidrocanabinol (D9-THC) - através de injeções
intramusculares. (
Repare que refere só o THC e não é inalado! Muito importante reparar nisso!)
Fonte: odiario.com
6. Efeitos Negativos
- Psicoses (como esquizofrenia)
- Surto psicótico
- Problemas de memória
- Problemas de aprendizagem
- Sonolência e problemas na coordenação motora (Durante e por algumas horas após o uso)
- Ansiedade, apatia
- Síndrome amotivacional (problemas de atenção e motivação) e queda em 50-60% dos níveis de testosterona.
- Disfunção sexual (quatro vezes mais chance de ejaculação precoce ou anorgasmia)
Alguns dos problemas estão especificamente associados com a ingestão
de fumaça, podendo também estar
associados ao tabaco utilizado junto com
a maconha em baseados:
- Bronquite e tosse seca prolongada
- Náusea e vômito
- Taquicardia e Ataque cardíaco
- Acidente vascular cerebral
- Alzheimer
- Cancro de laringe
- Cancro testicular
-
Cancro de pulmão
Apesar de haver entre os usuários uma ideia disseminada de que fumar
maconha é menos prejudicial aos pulmões do que fumar tabaco, isso pode
não corresponder à realidade.
Estudos mostram que fumar de 3 a 4 cigarros de maconha por dia
equivale a fumar mais que 20 cigarros de tabaco, porque o pulmão do
fumador de maconha recebe uma carga líquida de material particulado
cerca de quatro vezes maior do que o fumador de tabaco. Isso porque a
maconha é fumada com um volume de tragada 2/3 maior, volume de inalação
1/3 maior e com um tempo de retenção da fumaça quatro vezes maior do que
os valores considerados para o tabaco.
Em artigo publicado na revista European Respiratory Journal,
os cientistas disseram que a maconha lesa mais as vias aéreas porque sua
fumaça contém o dobro de substâncias cancerígenas, como os
hidrocarbonetos poliaromáticos, em relação aos cigarros de tabaco.
Também a forma de consumo aumenta o risco, já que os "baseados" são
normalmente fumados sem um filtro adequado e até a ponta, o que aumenta a
quantidade de fumaça inalada. O fumador de maconha traga mais longa e
profundamente, o que facilita o depósito das substâncias cancerígenas
nas vias aéreas.
"Os fumadores de maconha terminam com cinco vezes mais monóxido de
carbono na corrente sanguínea do que os tabagistas", disse por telefone o
coordenador do estudo, Richard Beasley, do Instituto de Pesquisa Médica
da Nova Zelândia.
"Há concentrações mais altas de substâncias cancerígenas na fumaça de
maconha. O que nos intriga é que haja tão pouco trabalho feito a
respeito da maconha e tanto trabalho sobre o tabaco."
Neste grupo de alta exposição, o risco de câncer de pulmão cresceu
5,7 vezes para pacientes que fumaram mais de um "baseado" por dia
durante dez anos, ou dois "baseados" por dia durante 5 anos - isso já
levando em conta outras variáveis, como o tabagismo.
"Embora nosso estudo abranja um grupo relativamente pequeno, mostra
claramente que o consumo de maconha por longo prazo aumenta o risco de
câncer de pulmão", escreveu Beaseley.
Fonte: dailymail.co.uk
Uma forma alternativa de consumir cannabis sem os problemas causados por causa de a fumar é usando um vaporizador. O vaporizador aquece a canabis e faz com que os ingredientes ativos se evaporem num gás,
sem queima do material vegetal. Neste caso é menor a proporção de produtos químicos tóxicos que são libertados em vez de pelo tabagismo,
embora isto possa variar, dependendo da forma do vaporizador e a
temperatura em que é definido.
Outro tópico muito delicado é o efeito nos neurónios. O THC causa morte de neurónios ou protege-os?
Um estudo com um artigo publicado diz o seguinte:
"A maconha não a 'droga leve' que as pessoas gostam de pensar que é", diz a neurofarmacologista Veronica Campbell da Trinity College em Dublin, cujo mais recente estudo descobriu os efeitos nocivos do THC em neurónios jovens. Quando Campbell e seus colegas de trabalho trataram células do cérebro de ratos recém-nascidos ou adolescentes com THC, os neurônios morreram, mas o THC não teve efeitos tão letais nos neurónios retirados ratos adultos. Na verdade, o trabalho de outros laboratórios mostra que o THC trás benefícios nos neurónios de um adulto. "Nós não sabemos porquê", diz Campbell. Várias possibilidades estão sendo investigadas para este efeito "Jekyll e Hyde".
Será mesmo? Talvez não tenha mesmo é efeitos nenhuns de protecção dos neurónios, como podem ler na parte 4. Efeitos na Memória
Mais fontes (além das citadas em cima, ao longo do texto):
Como em tudo na vida, há que ter consciência e ser-se informado.