Genetas asseadinhas

Um estudo feito mostra que "as genetas efectuam marcações olfactivas, que funcionam como forma de trocar informação e delimitação territorial"


"Os montados são formações semi-florestais mediterrânicas, compostas por espécies do género Quercus, geralmente azinheira (Quercus rotundifolia)

Azinheira (fonte)
 e sobreiro (Quercus suber).

Sobreiro (fonte)
 (...) A Serra de Grândola inclui-se numa das mais vastas áreas portuguesas de distribuição homogénea de montado e alberga uma comunidade de carnívoros rica e diversificada , encontrando-se classificada como um biótopo do Programa Comunitário CORINE – Sítios de Interesse para a Conservação da Natureza. (...) aí se localizar a estação de campo do Centro de Biologia Ambiental (CBA- FCUL).



A geneta, Genetta genetta, é uma das espécies de carnívoros presentes neste tipo de habitat, podendo considerar-se abundante na Serra de Grândola. É uma espécie de pequeno porte, nocturna, solitária, territorial e explora todos os habitats naturais e cultivados de África e do Sudoeste da Europa. Tem, no entanto, preferência por bosques fechados, zonas rochosas ou escarpadas, áreas com cobertura arbustiva densa e zonas próximas de cursos de água. É um predador omnívoro com um espectro alimentar muito variado, mas em geral, os micromamíferos são a sua presa preferencial.

Muitos mamíferos, incluindo diversas espécies de carnívoros usam as fezes como forma de marcação olfactiva. Nalguns casos, são depositadas periodicamente em locais específicos, denominados latrinas

Latrina - foto naturlink

 A geneta está incluída nessas espécies e normalmente estabelece as suas latrinas em locais que sobressaem no ambiente que os rodeia. Nesta espécie, e nos mamíferos de um modo geral, as latrinas assumem uma importância particular, visto que funcionam como locais de troca de informação, orientação e familiarização com a sua área vital e como pontos de marcação territorial."


O estudo consistiu na análise sobre "a influência de factores climatéricos nesse padrão e verificar a relação entre o seu grau de utilização e a estrutura da paisagem envolvente. (...) Um dos objectivos deste trabalho consistiu em verificar de que modo variava o grau de utilização das latrinas em função dos biótopos envolventes."


"(...) as latrinas rodeadas por maiores zonas de montado sem sub-coberto são as menos utilizadas, o que leva a crer que têm menor importância para a geneta. Isto pode dever-se à pobreza deste biótopo em termos de refúgios e de recursos alimentares. 


 (...) tendo em conta que as genetas depositam mais dejectos junto aos habitats mais utilizados, provavelmente para defenderem os recursos de que aí dispõem de possíveis competidores, pode supor-se que os biótopos existentes na área que possuem uma estrutura mais densa são os mais importantes para esta espécie. Esta situação já foi de resto verificada por outros investigadores na área de estudo. Em especial, as zonas de matagal mediterrânico e de vegetação ripícola (ao longo das linhas de água), parecem ter um papel muito importante, sendo fundamental a sua conservação, pois albergam uma grande diversidade de espécies animais e vegetais, constituindo uma fonte de recursos alimentares e de abrigos para a geneta e para as outras espécies de pequenos carnívoros aí existentes."


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